Teatro



INOCENTE
Um juri. O público é o "Corpo de Jurados"...O acusador é o próprio Inimigo, o Diabo, Satanás...O réu é a Ré, uma pecadora...O Juiz é o mesmo Salvador.


  
*JUIZ (vestido a caráter bata branca suja de sangue por baixo da roupa convencional de Jesus, uma bata branca com um manto vermelho por cima);
*ACUSADOR (terno e gravata vestido como se fosse um advogado);
 *RÉ (uma camisa branca uma calça branca e uma roupa muito suja e meio rasgada por cima para facilitar na hora de rasgar as vestes);
 *ENTREGADOR DA COROA DE ESPINHOS A JESUS (sem critérios pode estar vestido de qualquer forma).

Cenário: uma cadeira grande e bem arrumada com uns mantos de cor azul aos pés da cadeira (essa cadeira será a cadeira do Juiz) e mais adiante, um pouco afastada a cadeira do réu.
Sonoplastia: Música NADA ALÉM DO SANGUE (Fernandinho)




A peça inicia-se somente em cena o juiz no trono (o lugar onde se encontra a cadeira do juiz tem que estar com pouca iluminação) entra o acusador trazendo o réu e joga o réu aos pés da cadeira do juiz (o acusador não percebe a presença do juiz) e se apresenta aos "jurados" (o jurado é o público o acusador interage com o público).


ACUSADOR: Dispenso apresentação senhoras e senhores, como é notável sou satanás a acusação... (fazendo uma pergunta retórica)
Estão vendo essa pessoa?
A ré!!! (o acusador pega a ré que está caída no chão e a coloca sentada na cadeira), pois bem senhoras e senhores (pausa o inimigo começa a rodear a cadeira do réu e fazer acusações)...ela matou,...roubou, mentiu,...hehehe,...agindo com orgulho, gula,..., cheia de ira, dada a luxúria,...você é avarenta!!!
Agora é um pouco tarde pra se lamentar, pra ficar com essa carinha de coitadinha...(colocando as mãos sobre o ombro da ré)
Esqueceu do seu passado?
Que pena...
Porque eu tenho uma excelente memória, e vou te fazer lembrar cada detalhe...
Aliás, isso é o que eu sei fazer de melhor...
ACUSAR...
Culpada!
Porque tantas vezes mentiu achando que ninguém saberia...uma mentirinha ali, outra aqui, lá, acolá,...
A ré quis mal a tanta gente, por pura INVEJA, e ainda dizia:"QUERO QUE ACONTEÇA PRA "DEUS" FAZER JUSTIÇA"!!! Que deus você se referia com tamanha ira e soberba, heim?! Cospe no prato que come!!!...Gulosa!!!!...
Desprezava os pobres nas ruas e na igreja,... não dizimava, não ofertava,... e quando fazia costumava a reter o dízimo, oh justo Juiz! hahaha...
Quantos lares você destruiu com a parceira Pombagira!!!
Fez tanta lambança com a malígna língua,...hahaha,...solidariedade e amor fraternal estavam fora do seu dicionário,... uma A-VA-REN-TA!!!
Se esqueceu?
(pausa o inimigo agora abre os braços num tom sarcástico) que saudade da nossa rodinha de amigos, de fumar um cigarrinho pra passar o tempo...
Não sabe vigiar...hihihi...eu estava ali o tempo todo do seu lado...
E eles, cadê todo mundo?
Você está sozinho agora, não tem ninguém por você.
Ninguém. (a luz acende na cadeira do juiz que fala autoritário:)

JUIZ: Porque vens a minha presença acusador?
(o acusador inclina-se como que reverenciando o Juiz)

ACUSADOR: (APONTANDO PARA A RÉ) ESSA É A MULHER...

JUIZ: Sim sei que é a mulher, qual a acusação?

ACUSADOR: Ela é ré do juízo, pois pecou desde o princípio...

JUIZ: (o juiz olha para ambos, a ré estar com o rosto prostrado) Quais as provas? O que tens contra ela?

ACUSADOR: (pergunta retórica) Ela?!
Era pra estar no Jardim do Éden, mas foi expulsa por desobediência...
E até os dias de hoje continua a de-so-be-de-cer...
Ela?! (apontando para a ré) tem cometido pecado contra os homens e contra ti, ó justo juiz (o inimigo fala isso com tom de falsidade inclinando-se perante o juiz), pois só tu és Deus,...eu mesmo reconheço isso, e até estremeço,...agora esta? Não faz caso algum de ti.

JUIZ: Diante das provas, que direito tens sobre ela?

ACUSADOR: (com tom de alegria como se estivesse tentando convencer o público da culpa da ré) DE MATÁ-LA, DE DESTRUÍ-LA... O QUE DIZ A TUA LEI? (O INIMIGO AO FALAR VIRA-SE PARA O JUIZ SE INCLINANDO LEVEMENTE COM TOM DE FALSIDADE) Não matarás, ama ao Senhor teu Deus acima de todas as coisas, honra a teu pai e a tua mãe, e tudo isto (pausa o inimigo aponta furioso para a ré)
Ela tem cometido o que quero que ela faça!...e nesses últimos dias tem sido cada vez pior, se entregando as paixões da carne! Por isso, juiz, senhores jurados (voltando-se para ambos os lados). Não há esperança para ela.

JUIZ: (faz uma pausa, olha para a ré e pergunta:) E a ré o que tens a dizer? Como se declara?

RÉ: CULPADA! Pequei contra ti, contra ti somente, já não sou digna de ser chamada tua filha, mas sou digna de morte, de morte eterna...

JUIZ: (coloca-se de pé olha para a ré e pergunta) Não há ninguém por você?! Ninguém por você?! (o juiz senta-se novamente e aguarda a resposta da ré)

RÉ: Não senhor juiz, não há ninguém por mim, ninguém... Perdoe-me...

(o inimigo interrompe a ré, bradando em alta voz)

ACUSADOR: Cale-se! (virando-se para o juiz) Justiça! Faça justiça senhor juiz, dê o seu veredicto, o universo inteiro aguarda sua decisão! Justiça faça justiça...

JUIZ: (coloca-se de pé, olha para o acusador e para a ré, e diz:) INOCENTE!

ACUSADOR: (EM TOM DE DESESPERO) Como? A tua lei manda que seja morta! Quem recebera a condenação no lugar dela? (com tom de falsidade) acaso serei eu?! Ou os jurados?! Quem morrerá em seu lugar?

JUIZ: (O JUIZ AINDA DE PÉ OLHA FIXAMENTE PARA O ACUSADOR DEIXANDO CAIR A MANTA QUE COBRE AS VESTES SUJAS DE SANGUE NESSA HORA UM ATOR JÁ POSICIONADO NO MEIO DO PÚBLICO LEVANTA-SE E VAI ATÉ O JUIZ E COLOCA SOBRE SUA CABEÇA UMA COROA DE ESPINHOS).

 O JUIZ PROSSEGUE DIZENDO: INOCENTE! (MÚSICA DE FUNDO "NADA ALÉM DO SANGUE")

PORQUE EU ME FIZ MALDIÇÃO EM SEU LUGAR (JESUS APROXIMA-SE DA RÉ, ESTENDE AS MÃOS E DIZ:) É TEMPO DE GRAÇA FILHA MINHA, DÁ-ME TEU CORAÇÃO...

(A RÉ SE JOGA AOS PÉS DE JESUS)

Eu vim para que tenham vida e vida em abundância. Na verdade na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou têm vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.
(A RÉ RASGA AS VESTES SUJAS DEIXANDO APARECER AS VESTES LIMPAS)

O SENHOR PEGA NA MÃO DA RÉ E COM A MÃO DIREITA APONTA PARA O PÚBLICO, E DIZ: FILHA, AGORA VÁ E NÃO PEQUES MAIS!


*A RÉ VAI ANDANDO EM DIREÇÃO AO PÚBLICO DE FUNDO A MÚSICA BEM ALTA. ENTRA O GRUPO DE DANÇA COM A MÚSICA "Nada além do Sangue!" (Fernadinho)

 FIM....


 Nada Além do Sangue - Fernandinho

"Teu Sangue leva-me além / A todas as alturas
Onde ouço a Tua voz / Fala de Tua justiça pela minha vida / Jesus, este é o Teu Sangue / Tua cruz mostra a Tua graça / Fala do amor do Pai / Que prepara para nós / Um caminho para Ele / Onde posso me achegar / Somente pelo sangue

Refrão:
(1) Que nos lava dos pecados / E nos traz restauração /
Nada além do sangue / Nada além do sangue / De Jesus
(2) Que nos faz brancos como a neve / Aceitos como amigos de Deus / Nada além do sangue / Nada além do sangue / De Jesus / Eu sou livre, eu sou livre / Nada além do sangue / Nada além do sangue / De Jesus.

Alvo mais que a neve / Alvo mais que a neve / Sim, neste sangue lavado / Mais alvo que a neve serei."


Fonte: www.teatrocristao.net
Script modificado por: MINISTÉRIO TEATRAL KADOSHI, Separados para uma Missão - Igreja Família da Graça, Comunidade Cristã - Ipiaú/BA. 








O MORTO VIV

Cenário: Consultório médico
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Cena: O médico acaba de consultar o paciente e vai passar-lhe a "receita".
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Médico: É meu velho, eu não tenho boas notícias para você não.
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Amadeu: (se arrumando, colocando a camisa, se abotoando, etc) - Fale logo doutor. Não precisa esconder nada de mim. Eu já estou preparado para o pior. Para ser franco, eu até já escolhi a cor do meu caixão.
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Médico: E para ser franco. A coisa para o seu lado está esquisita. Note bem, o teu coração já não bate mais (só apanha) a sua pulsação cessou por completo. Cientificamente você está morto. Entendeu? Mortinho da Silva. Aliás, eu nem sei o que você está fazendo em pé. Lugar de gente morta é no cemitério e deitada.
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Amadeu: É que eu sou teimoso... Mas doutor, vamos deixar de piadas. Vamos falar sério. Afinal o que é que eu tenho?
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Médico: Ora Amadeu, então você acha que um médico de minha categoria, que já participou de congressos na Holanda tem tempo de ficar brincando. Se eu disse que você está morto, eu estou falando sério.
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Amadeu: Mas como? Que conversa mais besta doutor!!!
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Médico: Está bem. Você quer provas não é mesmo? Prá você não dizer que eu estou mentindo, coloque a mão no coração.
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Amadeu: (coloca a mão, para sentir as batidas).
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Médico: Sente alguma coisa? Alguma possível batida?
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Amadeu: Sinto não, doutor. Meu Deus, o que será isso?
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Médico: Agora tente sentir o pulso.
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Amadeu: (tentando sentir a sua pulsação).
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Médico: Sente alguma coisa?
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Amadeu: Nadinha... (faz cara de assustado).
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Médico: É como eu disse meu caro. O senhor está morto e eu estou lhe informando. Apenas isto. O senhor está morto e não sabia. Cabe a mim como médico, dar-lhe a notícia.
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Amadeu: Mas como assim doutor?
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Médico: Lembra daquele remédio que eu venho te receitando há tempos? Ele é a única solução. .
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Amadeu: Não doutor. Aquele remédio eu não quero.
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Médico: Então não posso fazer mais nada por você. Você está morto.
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Amadeu: Mas doutor, pensa bem... O que é que eu digo lá em casa? Ninguém vai acreditar em mim. Imagina só. Eu chego em casa, reuno a família e digo: Pessoal, eu estou morto. Ora doutor... .
Médico: Fique calmo Amadeu. Eu já pensei nisso também. E é por causa disso que eu estou assinando o seu atestado de óbito. (Assina o atestado e entrega para o paciente). Aqui está. Agora vá para casa e comunique à sua família. E não se esqueça de convidar os amigos para o enterro. Tá?
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Amadeu: (desolado) Tá bom... Mas doutor, o senhor tem certeza de tudo o que está me dizendo? Eu tô morto mesmo??? .
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Médico: ...da Silva, meu amigo. Mortinho da Silva. Deve ser teimosia. Você logo se acostuma, aí será mais fácil. À propósito, deixe-me fazer-lhe uma pergunta: O senhor pretende ser enterrado amanhã ou depois?
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Amadeu: Não sei. Mas eu não vou me esquecer de avisar o senhor. Pode ficar sossegado. (Sai triste, demorando para chegar na porta).
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Cenário: Apaga-se a luz do consultório. Apenas um foco de luz acompanha Amadeu caminhando cabisbaixo enquanto ouve-se a Marcha Fúnebre.
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Amadeu para junto com a música (1a parada).
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Amadeu: (falando sozinho). Mas não é possível. Eu não posso estar morto. Estou em pé. Estou falando. O que aconteceu comigo?
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Cenário: Recomeça a Marcha Fúnebre.
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Amadeu caminha cabisbaixo até a 2a parada. A música para de novo.
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Amadeu: (falando sozinho). Mas eu estou aqui com o atestado de óbito! E não ouvi meu coração! O que vou dizer em casa? Tenho que contar a eles...
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Cenário: Recomeça a Marcha Fúnebre.
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Amadeu caminha para o segundo cenário, a sala de sua casa, onde encontra sua mulher. A música pára. As luzes acendem.
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Amadeu: Oi ...
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Mulher: Cruz credo Amadeu, mas que cara de defunto é essa?
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Amadeu: Ué! Você já sabe? Quem te contou? Aposto que foi a Dona Maria Gorda, nossa vizinha. .
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Mulher: Ninguém me contou nada! Mas vamos lá meu velho, conte o que aconteceu. Por que é que você está com essa cara?
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Amadeu: Eu falo. Mas quero todos reunidos aqui na sala. Agora eu quero uma reunião familiar para dar a notícia de uma vez só, sem ficar repetindo à toda hora.
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Mulher: Ora, Amadeu. Deixe de fazer velório e conte logo. Você nunca foi de reunir a família. .
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Amadeu: Zenaide... chama logo os nossos filhos. Por favor respeite os mortos.
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Mulher: Mortos? Tá bom. (chamando os filhos) - Lucinháááá... Carlinhos. Venham aqui que o papai quer falar com vocês...
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Lúcia: (gritando de fora do palco) Agora não! Tenho que estudar!
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Carlos: (gritando de fora do palco) Mais tarde! Estou vendo MTV!
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Mulher: É. Vou Ter que mudar de tática. (grita:) O almoço está na mesa !!
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Lúcia: (entrando correndo junto com Carlos) Ai que fome! Onde está? Cadê a comida?
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Carlos: Até que enfim o almoço! Meu prato ...?
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Mulher: Seu pai quer falar com vocês.
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Lúcia: Oi, pai. O que você tiver que me contar, conta logo porque eu preciso estudar. Preciso aproveitar para estudar enquanto estou viva.
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Carlos: Fala aí, meu coroa. Qualé o lance?
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Mulher: Muito bem, Amadeu. Já estamos todos aqui. Qual é a notícia?
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Amadeu: Bem, o negócio é o seguinte: (pausa) - Bem, o negócio é o seguinte... (sem saber como entrar no assunto) - Bem, acho que vocês não vão acreditar, mas eu... mas eu...
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Carlos, Lúcia e a mulher em coro: FALA LOGO!
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Amadeu: Calma eu vou falar! É que eu estou morto! Isto mesmo! Eu morri.
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Carlos, Lúcia e a mulher juntos dão uma boa gargalhada.
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Amadeu: Escutem aqui, seus vampiros, suas hienas que comem carniça e dão risada. Eu não disse nenhuma piada. Eu estou falando sério. (eu sabia que ninguém iria me acreditar).
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Carlos: Essa foi boa pai. Conta outra. Depois eu quero contar a última que eu ouvi lá na escola. .
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Lúcia: Acho que vou voltar para os meus cadernos. Posso ir?
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Amadeu: Está bem, seus patetas. Vocês pensam que eu estou brincando, não é mesmo? Então leiam isto. (Entrega o atestado de óbito para a mulher).
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Mulher: (lendo o atestado). Sr. Amadeu Pereira, casado, brasileiro... casa mortis... parada cardíaca... Meu Deus, então é verdade! (exclama caindo sentada na poltrona).
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Amadeu: Viram só como eu não estava brincando? O papai aqui está mais morto que a múmia do Egito. Venha cá minha filha... sinta as batidas do meu coração.
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Lúcia: (colocando o ouvido no peito do pai) Meu Deus! Não está batendo. (assusta-se). Mãe, o pai está morto mesmo!
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Amadeu: Agora você, Carlinhos esperteza. Sente o meu pulso. Afinal você está fazendo cursinho de medicina.
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Carlos: (com dificuldade em achar o pulso) É mesmo incrível. Está mais parado que o ataque do "BAHIA" !
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Amadeu: (triunfante). Então seus Tomés... Acreditam agora? Vocês não vão chorar? Se vocês gostam de mim, tem que chorar. Chorem! Vamos...
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Lúcia e Carlos se abraçam e choram artificialmente só para agradar o pai.
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Amadeu percebe e desaprova.
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Mulher: Mas como é isso Amadeu? Como é que você está morto, se você está vivo? Quer dizer... Ah! Eu não quero dizer mais nada! Que confusão!
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Amadeu: O médico falou que é de teimosia, mas que depois que eu me acostumar, a coisa fica bem mais fácil.
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Lúcia: Médico? Quer dizer que o senhor foi ao médico e não nos contou nada?
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Amadeu: Claro! E quem você acha que assinou o atestado de óbito? O Orlando açougueiro? E como é que eu iria ficar sabendo que estou morto?
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Carlos: O senhor por acaso pagou a consulta, pai?
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Amadeu: Claro que paguei. Acha que eu sou algum caloteiro?
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Carlos: Então me desculpe, mas o senhor é muito burro. Onde já se viu um morto pagar a consulta?
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Amadeu: (caindo em si). Sabe que você tem razão? Além de defunto-vivo eu sou um morto-burro.
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Mulher: Mas como é que você fica discutindo com seu pai numa hora dessas. Respeite o seu pai, afinal ele é um defunto. Respeite a memória dele... quer dizer... eu não quero dizer nada porque minha mente está toda embaralhada.
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Lúcia: Mãe, eu acho melhor a gente telefonar para o médico prá confirmar e também prá perguntar se é para fazer o enterro ou não.
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Mulher: É mesmo. Eu vou ligar.
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Amadeu: Isso mesmo. E depois já pode ligar para a funerária e encomendar o meu caixão. (cantarolando)..."quando eu morrer, me enterre na Lapinha".
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Mulher: (com o telefone na mão). Pare com isso Amadeu. Pare de cantar essa música. Você quer deixar a gente mais nervosa ainda? (disca um número)
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Voz do médico: (Atendendo o telefone). Clínica do doutor Ado Steinburg Hesendorg de Nictolis bom dia!
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Mulher: - Alô... doutor Ado? Tudo bem? Aqui é dona Zenaide, mulher do Amadeu, que morreu mas não morreu. Quer dizer, aquele que o senhor diz que morreu mas está vivo. O senhor entende né?
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Voz do médico: Perfeitamente dona Zenaide. Olha a senhora pode ficar sossegada. Seu marido já era! Pode encomendar o seu vestido de luto e mande-o deitar já. Ah... e não se esqueça de me convidar para o enterro.
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Mulher: Mas doutor como é que pode? Ele está morto mas continua vivo... Voz do médico: Eu não posso fazer nada, dona Zenaide. O coração dele não está batendo, a pulsação parou entende? Ele está clinicamente morto. E lugar de morto a senhora sabe onde é não é mesmo? Este mundo é dos vivos.
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Mulher: (desolada). Está bem doutor... Obrigada... Olha, o enterro será amanhã. (desliga o telefone).
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Carlos: Então mãe, o que o médico falou?
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Mulher: É verdade (chorando) seu pai está morto.
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Amadeu: (triunfante outra vez). Não falei? Eu não sou "cara" de mentir não. Quando eu falo que tô morto é porque tô morto mesmo. E tem outra, eu sou o único defunto que vai assistir ao próprio velório. Carlinhos, vai buscar o meu terno no alfaiate, aquele que eu mandei cerzir. Eu quero ser enterrado com ele.
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Cenário: Apagam-se as luzes. Enquanto a sala é preparada para o Velório (caixão, flores, troca de roupa) uma pessoa levanta-se na platéia com foco iluminando-a e começa a ler um jornal.
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Pessoa da platéia: Vejam só isso! Amadeu morreu. (lendo:) Convidamos os amigos e familiares ao enterro de Amadeu Pereira, a se realizar na rua Cova Rasa, sem número, Cemitério do Adeus. Bairro dos que não voltam. Incrível! Eu falei com ele ontem. Justo agora que ele me devia uma grana! É nessa eu acho que dancei... A morte não espera por ninguém mesmo... Vou dar uma passadinha lá mais tarde. Pobre Amadeu! (senta-se novamente após o foco nela se apagar).

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Cenário: As luzes se acendem.
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Amadeu: Então, como estou?
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Mulher: Digno de um defunto ! Os convidados começam a chegar. Dão o tradicional "pêsames" à mulher, e se dirigem ao caixão.
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Maria Gorda: (olhando para o defunto). Coitado! Este sim era um homem bom.
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Amadeu: Apoiado! Além de ser homem, eu era bom. Não sei o que era melhor. Ser mais bom, ou mais homem.
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Sr. Anselmo: É, mas os bons sempre se vão mesmo... Pobre Amadeu!
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Amadeu: Não é o seu caso, "velho unha de fome". Vai ficar mofando a vida toda aqui na terra. .
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Sílvia: Pobrezinho. Quisera fosse eu.
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Oswaldo: E aí cara? Que furada hein? Já que você bateu as botas, dá pra me emprestar o carro prá sair com umas gatas?
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Amadeu: Nem morto! Oswaldo: Iii o cara, aí ! Tá legal. Tá legal.
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Sr. Clemente: Amadeu, amigo velho,. Lembra-se de nossas farras? E agora? Quem vai farrear comigo?
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Amadeu: Calma, Clemente. Assim você me mata de tristeza.
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Clemente: Mas você já está morto, Amadeu!!!
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Amadeu: Eu sei, imbecil. É força de expressão.
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Médico: (chega ao enterro). Como está Amadeu ? Está melhor ?
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Amadeu: Mais ou menos ! Doutor, eu estive pensando: Estou morto não estou? Depois do meu velório, eu vou ter que entrar aqui neste caixão para ser enterrado, não é? E quando a tampa deste caixão se fechar, o que vai acontecer comigo?
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Médico: Bem Amadeu? Teu futuro não vai ser muito bom não!
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Amadeu: Como assim doutor?
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Médico: Amadeu, eu já lhe falei do único remédio que pode reverter esta situação, mas você não quer me ouvir.
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Amadeu: Doutor, eu já estou cansado de experimentar isso, experimentar aquilo. Prá mim isto não funciona. Estes remédios nunca me ajudaram em nada. Eu estou cansado dessa situação. Eu preciso de uma resolução.
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Médico: Eu entendo Amadeu! O problema é que você está desiludido por ter passado sua vida inteira tomando os remédios errados. Este é diferente, este pode te ajudar.
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Amadeu: Como o Senhor me garante que esse remédio vai resolver o meu problema ?
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Médico: Amadeu, sinta o meu coração. Hoje ele bate, mas um dia já esteve tão morto quanto o seu. Foi quando tive a oportunidade de conhecer este remédio e decidi tomá-lo. E é por isso que hoje eu estou aqui falando prá você. Quer mais provas do que isto?
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Amadeu: Não ! O senhor me convenceu, afinal onde está o remédio? Aquele tal de Complexo J, não é?
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Médico: É, o Complexo J, peraí que eu vou pegar no carro. (Médico sai).
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Sr.Anselmo: (enquanto cheirava as flores do caixão). Atchim!! Atchim!!!!
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Mulher: Rápido. Acudam! O velho está tendo uma crise!
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Sr.Anselmo: Atchim!! Atchim!!!!
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Oswaldo e Carlos seguram o Sr. Anselmo.
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Silvia: O médico. Cadê o médico?
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Maria Gorda: Eu o vi saindo!
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Lúcia: Vamos lá levar o homem. Se não ele morre também! Todos saem ficando apenas o Amadeu.
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(Médico retorna com uma caixa de remédio enorme).
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Amadeu: (assustado) Que remédio enorme!
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Médico: Mas este é o único que vai resolver o seu problema. Calma, vamos ler a bula. COMPLEXO - J
Indicação: Contra todos os males do corpo, alma e espírito.
Contra-indicações: Nenhuma.
Posologia: Dose única, seguida de confissão de Jesus Cristo como único Senhor de sua vida. Efeitos: Alegria, paz, mansidão, domínio próprio...
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Amadeu: Puxa Doutor! É isso mesmo que eu preciso. (Amadeu toma o remédio)
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Médico: Agora repita comigo: EU, AMADEU,
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Amadeu: Eu, Amadeu,
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Médico: CONFESSO QUE SOU PECADOR...
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Amadeu: Confesso que sou pecador
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Médico: PEÇO PERDÃO E ENTREGO TODA A MINHA VIDA ...
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Amadeu: Peço perdão e entrego toda a minha vida...
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Médico: EM TUAS MÃOS, JESUS CRISTO.
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Amadeu: Em tuas mãos Jesus Cristo.
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Médico: TU ÉS O ÚNICO SENHOR E SALVADOR DE MINHA VIDA.
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Amadeu: Tu és o único Senhor e salvador de minha vida. ( Começa-se a escutar o coração batendo).
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Médico: O que você está sentindo?
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Amadeu: Não sei explicar, mas é alguma coisa diferente que eu nunca havia sentido.
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Médico : É, eu também não soube descrever quando isto ocorreu comigo. Eu me senti seguro. .
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Amadeu: É isso! Eu me sinto seguro. É como se eu tivesse feito algo certo.
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Médico: Você fez a coisa certa. Lembra dos outros remédios que você tomou?
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Amadeu: Ah, não quero nem me lembrar. Médico: Pois é, este é um remédio muito especial. Curou seu espírito, salvou sua alma.
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Amadeu: Curou meu espírito ?
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Médico: Isto mesmo. Outros remédios ajudaram o seu corpo, mas nunca curaram seu espírito.
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Amadeu: Entendo. (pausa). E a minha família?
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Médico: Eles nunca foram ao meu consultório. Nunca tive oportunidade de receitar o Complexo J para eles.
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Amadeu: Então eles também estão mortos ?
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Médico: Sim. E não sabem disso!
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Amadeu: Tem remédio ainda na caixa?
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Médico: Tem sim Amadeu. Tem remédio prá todo mundo. Prá todo O mundo mesmo! Leva também prá sua família.
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Amadeu: Certo doutor. Muito obrigado!
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Médico: Nos veremos em breve! (a música e o coração diminui) (Médico sai por um lado.
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Mulher do obituário entra pelo outro lado).
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Mulher: Amadeu! Soube que você está vivinho da Silva. Fiquei tão feliz. Mas sabe daquele pequeno empréstimo do mês passado. Você já tem o dinheiro?
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Amadeu: Nem morto! Brincadeirinha ... Você já ouviu falar deste remédio ? (ambos caminham para a saída ainda conversando)
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Mulher: Que remédio enorme...
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Amadeu: Mas é o único que realmente funciona ...
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FIM
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RETORNAR



O ARQUIVO


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Esta pantomima (estilo de peça onde o(s) ator(es) atua(m) especialmente com as espressões e sem palavras) é realmente impactante, já apresentamos em nossa igreja e o resultado superou as espctativas. É IMPORTANTE que a pessoa que participará como narrador tenha uma leitura irretocável e cheia de expressão para reforçar as expressões realizadas pelo ator/atriz no "palco".
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(As frases em vermelho são as reações que o personagem Homem fará. As frases com letra MAIÚSCULA é a reação do personagem Jesus. Escolha um narrador que saiba ler com expressão para que dê vida ao texto)
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Naquele lugar entre a consciência e o sonho, eu entrei em um quarto.Entra estranhando o lugar. Nele não havia nada de incomum, exceto por uma parede coberta por um arquivo de fichas. Vai e olha o arquivo.
Era como um daqueles de biblioteca, com várias gavetas que listam títulos por autor ou assunto em ordem alfabética. Porém estas gavetas, que se estendiam do chão ao teto e aparentavam não ter fim para nenhum dos lados, tinham cabeçalhos um tanto diferentes.Se aproxima como se estivesse lendo os títulos.
Ao me aproximar da parede, o primeiro a chamar minha atenção era um que dizia "Pessoas de quem gostei". Usa o dedo como se estivesse lendo. Eu abri a gaveta e comecei a folhear os cartões. Encena como se tivesse aberto e folhando Fechei-a rapidamente (leva um susto e fecha), chocado em perceber que reconhecia cada um dos nomes escritos ali. Fica com uma cara de assustado.
Então, sem quem ninguém me dissesse nada, soube exatamente onde estava. Andando pensativo, faz sinal com a cabeça como se estivesse entendendo. O quarto sem vida com suas pequenas gavetas era um perturbador arquivo da minha vida. Nele tinham sido escritos meus atos em cada momento, (volta a ler os títulos) grandes ou pequenos, em detalhes inalcançáveis à minha memória.
Os títulos iam do banal ao bizarro. "Livros que eu li", "Mentiras que eu contei", "Consolos que eu dei", "Piadas que me fizeram rir".
Alguns eram quase hilários em sua exatidão: "Coisas que eu berrei para meus irmãos". Ri. Outros não tinham tanta graça: "Coisas que eu fiz nos momentos de ira", "Murmurações que tive em secreto sobre meus pais". Se entristece.
Eu não parava de me surpreender com o que encontrava. Quase sempre haviam muito mais fichas do que eu esperava. Algumas vezes menos do que gostaria. Fiquei impressionado pelo enorme volume de minha existência. Seria possível eu ter tido tempo em meus 27 anos para escrever cada um dos milhares ou talvez milhões de fichas? Mas cada cartão confirmava esta verdade.
Todos estavam escritos com minha letra. E todos tinham sido assinados por mim.
Quando puxei a gaveta "Músicas que eu escutei", puxar como a gaveta fosse enorme concluí que as gavetas tinham o tamanho exato dos seus conteúdos. As fichas estavam colocadas bem justas, mas mesmo depois de dois ou três metros ainda não tinha conseguido encontrar o final. Fechei de volta, fecha o arquivo e se envergonhaenvergonhado, entristecido nem tanto pela qualidade da música, mas mais pela vasta quantidade de tempo que eu sabia que aquilo representava. Volta olhando para as gavetas. Quando vi a etiqueta que dizia "Pensamentos luxuriosos", senti um arrepio demonstra está arrepiado, passa a mão nas costas temeroso atravessar o meu corpo. Abri a gaveta uns poucos centímetrosabre devagar como se estivesse espiando sem coragem de descobrir seu tamanho, e puxei uma ficha. Puxa a ficha e lê. Estremeci ao ler sua descrição detalhada. Me causou náusea (demonstra náusea) pensar que momentos assim pudessem ter sido registrados. Uma cólera quase selvagem se apoderou de mim. Só um pensamento dominava minha mente: Faz cara de pânico. "Ninguém jamais pode ver estas fichas! Ninguém deve encontrar este quarto! Eu tenho que destruí-los! "Num impulso insano arranquei a gaveta. Puxa com raiva Seu tamanho já não importava. Eu tinha que esvaziá-la e queimar os cartões. Tenta puxar outra chacoalha. Porém, mesmo segurando suas extremidades e balançando com toda a minha força, nenhum saiu de seu lugar. Em desespero tirei um cartãotira um cartão e como se estivesse olhando para ele apenas para descobrir que ele era forte como aço quando tentei rasgá-loE tenta rasgá-lo. Sentindo-me derrotado retornei a gaveta ao seu lugar. Entristecido volta as gavetas nos lugares. Encostei a testa na parede encosta a cabeça na parede e deixei escapar um longo, profundo, suspiro. Então eu vi. Como se o título tivesse chamado a sua atenção, e aponta como se estivese lendo. O título era "Pessoas com quem compartilhei o Evangelho". O puxador brilhava admire o puxador mais do que os outros ao seu redor, era mais novo, quase sem uso. Puxei-o com delicadeza e uma pequena gaveta com uns quatro dedos de comprimento saiu nas minhas mãos. com a palma esticada, como se a gaveta estivesse nas palmas das suas mãos. Dentro havia tão poucos cartões que nem precisei contar. Devolva a gaveta. Aí as lágrimas vieramAbaixa a cabeça Caí em prantos. Cai de joelhos. Soluçava tão forte que sentia uma dor que começava no estômago aperta o estômago e se expandia pelo corpo todo. Eu gemia de vergonha, da sufocante vergonha de tudo aquilo. Olha com desespero para aquele arquivo. As fileiras de gavetas confundiam-se em meus olhos lacrimejantes. Ninguém poderia jamais saber deste quarto. Eu precisava trancá-lo e esconder a chave. Levanta e começa a enxurgar as lágrimas
Então, enquanto enxugava as lágrimas, eu O vi. E começa a desesperar pela vergonha.
Não... Não Ele. Não aqui. Qualquer um, menos Jesus. Eu O olhava, indefesoCOMEÇA A ABRIR O ARQUIVO E PEGA AS FICHA E LÊ.
Ele abria os arquivos e lia os cartões. Eu não podia suportar ver sua reaçãoEm desespero acena que Não. Nos momentos em que consegui fitar Sua face vi um pesar mais profundo que o meu. Ele parecia ir intuitivamente para as gavetas mais podres. Porque Ele tinha que ler cada uma das fichas? Finalmente SE VIRA Ele se virou e me encarou do outro lado do quarto. Ele me olhava com pena em Seus olhos. Mas era uma pena que não me zangava.
Abaixei abaixa a cabeça minha cabeça, cobri minha face com as mãoscobre o rosto e tornei a chorar. VAI ATÉ ELE.
Ele se aproximou de mim e E O ABRAÇA me abraçou. Ele poderia ter dito tantas coisas, porém, nenhuma palavra saiu de sua boca. Ele apenas chorou comigo. JESUS SE LEVANTA E VAI ATÉ O ARQUIVO.
Depois se levantou e se dirigiu à parede de arquivos. Começando de uma extremidade Ele puxou uma gaveta, PUXA A GAVETA E ENCENA QUE ESTÁ PEGANDO CADA CARTÃO E CAMOÇA A ASSINAR e um a um, assinava Seu nome sobre o meu nos cartõesCorre até ele em um impulso de desespero Eu gritei, correndo até Ele. Tudo o que eu conseguia balbuciar era "Não, não!" encena Não enquanto eu tirava a ficha de suas mãosTira a ficha da não dEle. Seu nome não poderia estar nos cartões. Mas lá estava, escrito com um vermelho tão intensoolha com emoção para a ficha tão escuro, tão vivo. O nome de Jesus cobria o meu. Seu Nome estava escrito com Seu sangue.PEGA A FICHA COM DELICADEZA DAS MÃOS DE JESUS Ele delicadamente tomou de volta o cartão. Ele sorriu, com tristeza, e continuou assinando. Acho que jamais entenderei como Ele pôde fazê-lo tão rápido, pois no momento seguinte eu o vi fechando a última gaveta e voltando em minha direçãoColocou Sua mão no meu ombroe disse: "Está consumado".
Logo Ele me levou para fora do quarto. JESUS O ABRAÇA E JUNTOS SAI DE CENA. Não havia trancas na porta. Ainda existem cartões a serem escritos... depende de cada um de nós o que será escrito lá, oremos em nome deste tão maravilhoso Jesus, para que não mais precisemos nos envergonhar de seu conteúdo.


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Autor: Desconhecido - Criação das Cenas: Daniela Leon Vieira



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