domingo, 20 de fevereiro de 2011

CRENDICES, OTIMISMO E FÉ

Outro dia, um teleguru espiritual ensinava sobre fé num programa da TV aberta. Ele contou a história de um fiel de 80 anos que já tinha perdido todos os dentes. Segundo ele, o velhinho decidiu que se começasse a comer mingau diariamente, como fazia quando criança, seus dentes nasceriam de novo. Ele fez isso e não deu outra: sua boca encheu-se de dentes. "Isso é que é fé", concluiu o profeta.


Não! Isso não é fé. Pelo menos não é a fé bíblica. Fé não é crendice. Não é utilizar estratégias ritualísticas para manipular o mundo espiritual em nosso favor. Fé não é otimismo. Não é a crença ingênua e sem fundamento de que as coisas darão certo no final. Fé não é ausência de medo ou de dúvida. Não há um só personagem bíblico que não tenha sentido estas coisas. Fé não é uma lista de regras às quais nos submetemos ou de dogmas com os quais concordamos. A Bíblia diz que a fé é outra coisa.



Segundo as Escrituras, "a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos" (Hebreus 11.1). Ou seja, a fé bíblica é um tipo de disposição mental diferente em relação ao futuro e ao mundo invisível. Esta disposição mental não se fundamenta nas nossas crendices pessoais, mas na própria revelação da Bíblia. Porque "a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo" (Romanos 10.17).




Vivemos mergulhados numa cultura que só consegue valorizar o aqui e o agora. Nossa sociedade é escrava do presente. O que importa, em nosso mundo, é aquilo que podemos fazer, sentir, conquistar, usar hoje, sem nenhuma consideração pelo futuro - nem pelo futuro próximo e, muito menos, pelo futuro distante, a eternidade. 




Do ponto de vista bíblico, ter fé é considerar o porvir mais importante que o tempo presente. Aliás, ter fé é viver o tempo presente com um olhar fixo na eternidade. É conduzir o hoje, na perspectiva e na expectativa do amanhã. É escolher diariamente o amanhã, em detrimento do hoje, e nunca o contrário. Porque "a fé é a certeza daquilo que esperamos", e não do que já temos.

A nossa cultura também é orientada pelo materialismo. As pessoas à nossa volta são espiritualmente míopes, só conseguem valorizar o que se pode comprar, vender, ostentar, acumular. Elas simplesmente não atribuem nenhum valor aquilo que é imaterial. O amor, a honestidade, a fé, a bondade, o domínio próprio, a lealdade só são valorizados na medida em que conduzem à conquista de coisas materiais. Ou seja, na prática as coisas imateriais não têm valor algum no nosso mundo. 




Numa perspectiva bíblica, ter fé é ver o invisível, é dar valor àquilo a que o mundo não dá valor, é viver uma contra-cultura, é oferecer um contra-discurso ao discurso dominante do materialismo. Ter fé é compreender que a realidade não se resume aquilo que está aí diante dos olhos, mas que existe algo mais, algo maior e mais sublime - algo de que a Bíblia fala e que devemos buscar. Porque a fé é "a prova das coisas que não vemos".

Infelizmente, muito do que é apresentado como fé nos púlpitos das igrejas, nos programas de TV, na hinologia gospel e na teologia popular não tem nada a ver com a fé cristã genuína. As pessoas estão confundindo fé com outras coisas. Estão engolindo gato por lebre. Os crentes modernos têm abraçado uma fé que está fadada ao fracasso. Uma fé que os fará naufragar, por muitos motivos: porque as coisas não dão certo sempre, porque ninguém pode manipular a mão de Deus, porque o medo e a dúvida nos assaltam com freqüência, porque as regras nem sempre nos aproximam de Deus e porque até sã doutrina pode ser árida e infrutífera como o pior deserto. Por isso, precisamos da fé. Mas não de qualquer tipo de fé, e sim da fé acerca da qual a Bíblia, do começo ao fim, nos instrui.



10234 KB | 2009/06/18 | 
Nome do arquivo: Como Distinguir uma Fé Cristã das crendices Populares - Ricardo Gondim.mp3 MPEG Audio Stream






Fonte: UMADGUAR4shared




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